Vitória, um dia de Agosto de 2000
Havia acabado de formar na faculdade e resolvi me dar algo de presente. Sobrou um troco como eu não precisava mais pagar a escola. Vi pessoalmente o Sega Dreamcast pela primeira vez na casa do Michel, nosso parceiro cativo na mesa do poker mensal (“entrada leonina, saída carneirinho”, mas isso é outra história). Soul Calibur, lindão. Muito melhor que o Soul Edge que tinha no Playstation.
Arrumei uma confusão danada na loja Ponto Frio do Shopping Vitória porque o anúncio era claro que acompanhava um jogo, Sonic Adventure. Chego lá e não tem o jogo. Discuto com o gerente, que insistia me dar 50 reais de desconto, o jogo no mesmo anúncio valia 100. Conversa, conversa, conversa e ficou combinado que em uma semana passaria lá para pegar o jogo. Funcionou.

E o como isso se relaciona a arear panelas? Calma, já chego lá.
Usei muito o DC. Marvel Vs. Capcom 2, Soul Calibur, Whacky Wheels, Grandia 2, The House of the Dead 2, The Typing of the Dead (sabia que existe um jogo de zumbi que você ganha se digitar tudo rápido e certinho?).
Acho que foi em 2016/2017 que voltei a usar o DC, mas jogar com as mídias em CD se mostrou um pouco frustrante. Muitas com erro e não queria estragar o leitor.
Descobri o projeto do Andrews de colocar uma interface IDE com um HD externo. Arrumei um outro console para deixar o meu original e instalamos a placa. Ficou bacana, mas meio trambolho o HD + fonte externa ao lado do videogame.
Idéia brilhante: vou fazer uma caixa para colocar o HD dentro, o DC em cima e tá resolvido!
Cara, mas como isso tem a ver com arear panelas? Calma, já chego lá. Espera só mais um pouquinho.
O Felippinho foi pra Defcon e pedi para ele passar na Fry’s e trazer uma mini retífica Dremel. Fui na Casa da Arte e comprei uma caixinha de madeira dessas de artesanato.
Domingão, tudo preparado e comecei a trabalhar. Os cortes ficaram todos irregulares. A posição dos furos na tampa para assentar os pés do Dreamcast completamente fora do lugar. Não sei como pude errar tantos detalhes num projeto só. E o pior, foi pó de serra para tudo que é lado. Isso prova que uma boa ferramenta em mãos erradas é desastre na certa.
A Dremel ficou guardada desde então. Pensei em vender diversas vezes, mas me iludia que poderia ser útil algum dia.
Esse dia chegou. Num domingo de pandemia onde lavava a louça do dia anterior não conseguia tirar umas cracas já antigas grudadas em alguns cantos externos da panela. Não pensei duas vezes:
Abri uma cerveja, peguei a mini retífica com a ponteira de tirar ferrugem e ataquei a panela:
Assim que arrumar um óculos de proteção vou aceitar serviço de fora.



